Se fosses uma árvore, que árvore serias?



Nem sempre os dias correm como planeado.
Trazíamos o carro cheio de tralha (tralha de quem vive cinco meses fora do ninho) e acenderam-se umas luzes estranhas no painel (e eu percebo tanto de Mecânica como de Geografia). Parámos na área de serviço mais próxima. Desliguei o carro e quando tentei ligá-lo de novo...SURPRESA...ele não se mexeu - estava sem bateria.
A solução foi ir encontrar um mecânico rapidamente que nos pudesse ajudar, mas quem apareceu foi um motorista (não interessava, nestas coisas só interessa encontrar um homem, porque encontrar um homem na maior parte das vezes é sinónimo de "eu sei o que tem o teu carro e resolve-se fazendo isto ou aquilo"). O alternador está avariado e a bateria não carrega! Entre chamar o reboque (a um Domingo) e esperar saber como chegar a Casa, passou-se uma agradável tarde ao sol quente de Julho.
Antes, tinhamos planeado ir a Alcobaça passear, mas entretanto a minha vontade de conduzir já era tão pouca que decidimos vir directos para Coimbra.
Finalmente tudo se resolveu, e perto das 20h chegamos a Casa. Foi tomar banho e comer qualquer coisa à pressa para eu e o J. irmos (a pé) para a missa no Penedo da Saudade.
Como sempre o brilhante Padre Carlos Carneiro tem o dom de desconstruir e transformar o que está acomodado em nós. O evangelho de hoje é o da parábola do semeador. Vem com ele toda a questão do olhar para dentro e saber-se plantado, saber-se fértil e saber-se regado. Tudo isto, tem a ver com as nossas escolhas do criar raízes, criar laços e escolher o terreno em que queremos semear.
Pensámos no grão de mostarda na sua pequenez, na sua fragilidade e em como, se regado e bem tratado se transforma numa árvore. Um grão transforma-se em árvore... que bonito! Então o Pe. Carlos dizia: Se um grão se pode transformar em algo maior, nós como pessoas podemos transformar-nos em algo melhor!; Que frutos queremos que a nossa vida dê? Em que valores nos pautamos? Qual é a simplicidade com que encaramos as coisas? No fim lança a pergunta: Se eu fosse uma árvore, que árvore seria?; Ainda ando a pensar nisto...e cheira-me que ainda me vai dar que pensar, mas sem dúvida, que gostaria de ser uma árvore grande para dar abrigo, com raízes profundas e compridas para chegar a outros lugares e de fruto para poder alimentar quem a fome tivesse.
No fim deste dia, sinto-me grata por no meio de tantas peripécias, termos chegado bem a Casa. De facto, a nossa intenção na oração que fizemos no inicio da viagem foi essa mesmo: Faz-nos chegar bem a casa; Não pedimos para chegar depressa.
Então juntando isto...para já, quero ser uma árvore que se deixe regar porque Quem sabe cuidar e por Quem sabe o qual é o melhor adubo para me fazer crescer.

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