Caminhos

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos"

Fernando Pessoa

É o tempo que devemos usar para crescer, abandonando o que nos consome e o que simplesmente já não pode fazer parte. Tenho aprendido aos poucos de abdicar daquilo a que chamava "meu", mas que no fundo não era (e não, não é fácil, mas não é impossível).

É sempre mais seguro ir por aqueles caminhos que já conhecemos, mas lá está, chegamos sempre aos mesmos lugares, há alturas em que batemos com a porta e dizemos: BASTA! não preciso mais disto; E então avançamos...mas...para onde? Acho que não sabemos para onde, só para quê.

EU caminho para o que me faz feliz, e não sei quanto tempo dura esta travessia...talvez demore a vida toda a construir a ponte entre nós e o Céu, entre mim e Ele. E tenho desanimado em algumas alturas...só que nessas alturas, vejo que não estou sozinha nesta construcção díficil. Sei é que não quero ficar à margem de mim, porque um dia detestaria olhar para trás e sentir que não vivi.


"Viver é arriscar a perder o pé por algum tempo, não se arriscar é perder a vida"...

Olha dentro de ti

Há sonhos muito grandes, que se concretizam em pequenos momentos
E pequenos momentos que se tornam grandes no sentir.
Há palavras que quando ditas nos enchem o peito e nos põe um sorriso na cara.
E aqueles abraços confortáveis que achamos que vão estar sempre no nosso caminho.
Há aquelas noitadas em casa de amigos
Há aquelas pessoas que se lembram de nós passados muitos anos de distância.
Há pessoas que gostamos de olhar nos olhos, e ver-lhes a alma por dentro
E pessoas que quando nos olham nos vêem fundo, mais fundo do que nós pensavamos que nos pudessem conseguir.
Há também gente que mal conhecemos, mas que tocam dentro de nós
E pessoas às quais nós tocamos sem sabermos como.
Há dias para viver
Outros para lembrarmos o que vivemos
E dias para sonhar
E outros para concretizar o que sonhamos
E dias em que abdicamos do que não é essencial
E conseguimos voar
Uma das piores coisas da vida, é viver sem projectos, sem algo que nos puxe e mova a sermos melhores...Coisas que me intrigam...quando alguém nos faz bem, o porquê de não mexer um dedo que seja, para que essa pessoa não saia do nosso horizonte? Porquê tanta dificuldade em lutar?(estou um bocado farta da palavra lutar...) Em fazer o melhor para nós?
Outra coisa que me intriga...as mudanças...as mudanças de valores, de maneiras de estar. Não as boas mudanças que nos constroem como pessoas, mas aquelas mudanças que nos afundam e nos tornam pessoas frias e distantes do mundo, em que acabamos por afastar os que mais bem nos querem.
As frustrações, fazem parte...As lágrimas também...Se bem que as lágrimas são uma expressão.
As conquistas...essas sabem bem quando estamos rodeados de quem nos ama. Quem gosta de nós sofre connosco, e alegra-se com as nossas vitórias. São sentimentos puros, vindos do mais fundo que tem o coração, e que brotam em abraços e sorrisos. É bom vencer um obstáculo, mas se o vencermos e não pudermos partilhar com ninguém, quanto mede a nossa alegria?...

Só me apetecia escrever..só isso...mesmo que não faça muito sentido...

"A minha felicidade passava por..."

Na última missa do CUMN a que fui, alguém partilhava:
"Aos 14 anos, a minha felicidade estava em entrar para medicina. Aos 18, a minha felicidade passava por conseguir acabar o curso de medicina. Aos 23 a minha felicidade passava por conseguir ter boa nota, para fazer a especialidade. Aos 30 a minha felicidade passava por arranjar trabalho, arranjar um namorado, casar, ter casa, ter uma família, ter filhos.... e depois, consegui isso tudo...cheguei aos 40 e sentia-me vazia, mas porquê? Afinal tinha tudo o que queria...Então descobri que o curso, a especialidade, o marido, os filhos, a casa, o emprego, não tinham sido possiveis se não tivesse Deus a ajudar-me a construir tudo isto. Então vi, o quão a minha vida vazia, estava! E hoje quero agradecer, porque aos 40 anos encontrei o meu sentido na vida, e sobretudo a minha felicidade"

Bem, estamos no final da semana, e todos os dias me tenho lembrado destas palavras da Guida. Realmente foi bonito de ouvir, de ouvir, mas também de guardar...cá dentro, fundo onde não se apaga.
Pensei em mim, e se a minha vida não tivesse este meu Amigo presente sempre, sempre!, também era vazia e sem sentido. Nem todos O sentem...eu sinto! E sei que está, e que é Ele que me ampara as quedas para não me magoar tanto!


Obrigada JC, és mesmo um tipo porreiro :)

História sem nome


Às vezes abres a porta do teu coração, mas esqueces-te de limpar os pés à entrada. E esqueces-te que fora do teu coração estava um tempo feio, chuvoso, e cheio de trovoada. Então, entras, tiras a gabardina, desenrolas os cachecol e sentas-te muito cansado. Por fim, num gesto lento e preguiçoso tiras as botas, que traziam agarradas montes de pedrinhas, sujidade e até uma pastilha elástica que tinhas pisado algures... secas-te no teu coração, e dormes um longo sono reparador. Quando finalmente acordas, olhas à tua volta...tens o coração desarrumado. As roupas espalhadas pelo chão, o copo de leite que te aqueceu, a janela aberta por onde entra o vento frio... Mas pior, tens o teu coração sujo daquelas pedrinhas que vinham agarradas às tuas botas, e tens o coração molhado da água da chuva. O medo e a insegurança, estão colados à pastilha que também trouxeste lá de fora... E pensas "Era melhor eu limpar o meu coração", só que...tens que feito este percurso todos os dias. Os móveis têm muito pó, o chão a cada dia que passa está mais encharcado. Tudo isto, te torna o coração pesado...tão pesado que tens dificuldade em levantar-te e começar a arrumá-lo e limpá-lo, e a pô-lo bonito outra vez. Sem forças, começas a chorar, e choras choras, e molhas ainda mais o teu coração que está tão cheio de coisas que não valem a pena. De repente, sentes uma força que te vem não sabes de onde, mas que te levanta e te aquece a alma, e começas...(devagarinho, muito devagarinho)...a arrumar e a limpar tudo.

Quando finalmente acabas, olhas para trás e pensas "Nunca mais quero ter o coração pesado"...então agora, cabe-te a ti ir tirando o que te suja o coração.

Tu escolhes...Tu podes escolher...Só tu tens o dever de escolher!´

Dá sempre mais trabalho arrumar o que temos cá dentro, mas dói sempre mais quando o que temos cá dentro se torna pesado...

Rita

Diante dos outros

"Vive para os outros e, enquanto depender de ti, procura que estes vivam mais felizes.
Aprende humildemente o SERVIÇO de quem está à tua volta, mas não te faças escavo de ninguém. Tudo o que fizeres fá-lo livremente e por amor e nunca por sujeitção ou sentimento de inferioridade.
Conhece bem as tuas carências e necessidades mas não deixes que o mundo se feche em torno de ti próprio, seria um mundo demasiado pequeno e solitário.
Olha para quem vive perto de ti como se tivesse sido o próprio Deus a confiar-te responsabilidades (...)
Sê verdadeiro em tudo o que fizeres, aprenderás a liberdade de ter uma cara só e de nada ter de esconder de ninguém. Sê fiel a ti próprio em todas as situações e diante de todas as pessoas.
ACEITA O DESAFIO DE CONSTRUIR PACIENTEMENTE, NO MUNDO REAL, RELAÇÕES DE AFECTIVIDADE E DE AMOR. Por vezes é mais difícil, mas os frutos são infinitamente maiores. Pede perdão a Deus se a violência da tua vida fez endurecer o teu coração.
(...)
Não te deixes vencer pelo mal, vence antes o mal com o bem"


Nuno Tovar de Lemos, in o "O princípe e a Lavadeira"