(Des)cola
Quando finalmente cheguei a animadora os que tinham sido meus animadores já tinham saído, tinha comigo a trabalhar alguns amigos, mas sobretudo pessoas que conhecia de vista de acantonamentos. No inicio nao sentia muito à vontade para expôr as minhas opiniões nem ralhar com eles...as coisas a pouco e pouco foram mudando...e hoje são da minha família.
No nosso acantonamento falou-se muito em saídas de animadores que acham que o tempo deles ali chegou ao fim, muito também por causa da vida, porque estão a acabar os cursos (somos todos universitários) e isso fez-me re-parar. A minha história como animadora também vai chegar ao fim...e depois??? Eu só quero dizer que as despedidas custam muito mas muito mais!
Tenho excelentes animadores a trabalhar comigo! O meu número de irmãos cresceu muito nestes dois anos que passaram, e é tão bom ter-vos na minha vida que não sei explicar.
Tocou-me ver que quando um levantava o braço para falar, levantavamos todos por respeito e por solidariedade! Isto é o verdadeiro significado de grupo.
Há muita coisa na vida que tenho de descolar, mas sem duvida que a vocês quero colar-me a vida inteira!
"Junto vamos onde quisermos"
Os dias..
Há dias em que estamos cansados ou tristes demais (eu estou cansada) para acharmos que o dia que estamos a viver nos vai trazer alguma coisa de bom.
Como já referi, estou cansada porque estive quatro dias longe do mundo a aturar 50 e tal miúdos que adoro, num acantonamento em Avô, perto de Oliveira do Hospital (http://asj-coimbra.blogspot.com) e as horas de sono foram mesmo muito poucas...
Sendo assim, visto que cheguei ontem a casa, já ao fim do dia pouco dormi para o que precisava. Hoje quando cheguei à net, a Catarina (que também foi comigo ao acantonamento) perguntou-me se queria ir fazer uns workshops de instrumentos musicais. Não me apetecia nada...mas eu adoro música e deixei a minha preguiça e decidi ir. Confesso que ia a pensar: oh...ya, é daqueles dias em que sais de casa e entras como saíste.
E juro que foi mesmo esta a minha atitude de hoje...talvez porque estou a morrer de sono. O facto é que não entrei como tinha saído. Entrei mais rica. Fiz workshop de guitarra, guitarra portuguesa, piano, acordeão e flauta transversal.
As coisas que aprendi foram absolutamente incríveis.
E era disso que hoje queria falar, das coisas que aprendemos mesmo quando não estamos dispostos a tal.
Já agora queria agradecer a Deus este acantonamento em que o tema era (des)cola. O descolar das coisas fúteis, para nos colarmos às essenciais. Obrigada às minhas meninas do ASJ 4 que me disseram coisas tão bonitas que fiquei sem palavras...só conseguia abraçá-las!
"Sozinhos vamos onde pudermos. Juntos vamos onde quisermos"
Aprendiz de viajante
Hoje sei que o viajante ideal é aquele que, no decorrer da vida, se despojou das coisas materiais e das tarefas quotidianas. Aprendeu a viver sem possuir nada, sem um modo de vida. Caminha, assim, com a leveza de quem abandonou tudo. Deixa o coração apaixonar-se pelas paisagens enquanto a alma, no puro sopro da madrugada, se recompõe das aflições da cidade.
A pouco e pouco, aprendi que nenhum viajante vê o que outros viajantes, ao passarem pelos mesmos lugares, vêem. O olhar de cada um, sobre as coisas do mundo, é único, não se confunde com nenhum outro.
Viajar, se não cura a melancolia, pelo menos, purifica. Afasta o espírito do que é supérfluo e inútil; e o corpo reencontra a harmonia perdida - entre o homem e a terra.
O viajante aprendeu, assim, a cantar a terra, a noite e a luz, os astros, as águas e a treva, os peixes, os pássaros e as plantas. Aprendeu a nomear o mundo.
Separou com uma linha de água o que nele havia de sedentário daquilo que era nómada; sabe que o homem não foi feito para ficar quieto. A sedentarização empobrece-o, seca-lhe o sangue, mata-lhe a alma - estagna o pensamento.
Por tudo isto, o viajante escolheu o lado nómada da linha de água. Vive ali, e canta - sabendo que a vida não terá sido um abismo, se conseguir que o seu canto, ou estilhaços dele, o una de novo ao Universo.
Stuck on you
"Preso em ti, acho que estou no meu caminho", acho lindo...e quase que fico sem palavras com a simplicidade de certas músicas, e certos amores. Esta era daquelas que ouviria a noite toda.
Acho que estou no caminho certo. Que é aquele que vem de encontro aos meus valores e à minha forma de edificar a opinião sobre os outros. E o facto de sentir que é por aqui, dá-me uma paz que não sei explicar. Tenho dúvidas? Sim! Mas claro que tenho...mas "acho que estou no meu caminho" e esse sou eu que o faço!!
E já decidi, se um dia casar, esta música fará certamente parte das baladas no bailinho :P
Escrevo para mim
Escrevo para ti que estás ansioso com medo de falhar
Chumbei
O senhor de Londres
Foi este senhor que nos encheu a alma naquela noite, e nos aqueceu o coração. Só espero um dia lá voltar e poder dar-lhe um abraço! É a minha melhor recordação...."Jesus walks with me". Excelente :)
Dia feliz!! :D
Return to innocence
Finalmente encontrei esta música. Não sabia dela há anos e acho-a tão bonita!
Não sei explicar, mas se acreditasse na reencarnação provavelmente teria sido Índia, Indiana ou talvez Africana, porque a ligação e o carinho que tenho por estas culturas são enormes. O desprendimento dos bens materiais é algo que me fascina. E esta música faz-me lembrar tudo isso, como o próprio nome diz é o voltar à inocência. E é disso que sinto falta para mim e para o mundo. O parar e voltar para trás, não vivendo tão agarrados ao que é superfulo. Nós na verdade não precisamos de Internet, nem de telemóveis. As pessoas eram capazes de viver sem isso ("Mas não era a mesma coisa").
Eu tive a infância mais feliz que podia ter...tive uma casa cheia de primos, de tios, avós...escavei a terra para encontrar minhocas, saltei em cima da cama dos meus pais, corri nos campos de milho, levei cabritos para casa, brinquei muito com cães e gatos, patos e galinhas, sujei-me muito, corri em dunas, pintei muito, dancei muito, cantei muito, abracei muito, li muito, sonh(o)ei MUITO. E foi tudo isto que no fundo meu deu a liberdade de continuar a viver a minha inocência.
Sou uma pessoa que caio naquelas "mentirinhas santas" todas, e acho que isso se deve à minha inocência, que agora vou perdendo aos poucos, mas que no fundo continua a base do meu - ser livre.
Quando penso no: Return to innocence, imagino-me na barriga da minha mãe, no quente. Imagino a minha felicidade quando consegui nadar pela primeira vez, ou quando soube que ía ter um mano.
O voltar à inocência da felicidade genuína...é disso que falo, é disso que escrevo, é disso que tenho saudades...e que vou lutar a vida toda para nunca a perder.
Parar, escutar e olhar
Ultimamente tenho andado a sentir a necessidade de "Parar, escutar e olhar", e foi em suma o que significaram estes dias passados numa casinha isolada do mundo, perdida no meio da serra.
Aprendi muita coisa, só porque disse um "sim", e porque fui capaz de virar o meu interior de pernas para o ar. Destruí-me e (re)contruí-me a partir de dentro, e é disto que preciso fazer muitas vezes ao longo da vida, sem ter uma rotina imposta, mas sim uma coisa que faça por necessidade de melhorar o que anda cá dentro a roer.
Falámos muito de sentimentos e em como o meu olhar sobre os outros está marcado pelos afectos - "O afectivo é o efectivo"- e de ser feliz, onde a vida correr bem é sinónimo de satisfação, ser coerente nas escolhas que faço, na tranquilidade de consciência; e o correr mal serão os problemas sem solução à vista, o não correr como quero. Então a felicidade, passa por olhar para trás e perceber que ao longo do meu caminho, a minha vida deu frutos, em que a FELICIDADE vem da FIDELIDADE - aos outros, mas principalmente a mim.
A vida está a correr-te bem? Pode ser fácil ou difícil, mas continuo na dinâmica de me dar aos outros. A caridade é a capacidade de pôr o amor em acção. Deus nunca nos prometeu uma vida fácil, mas prometeu antes que nos momentos mais difíceis estaria comigo, e a Fé não é mais do que a confiança de que Deus está comigo. No fundo somos as escolhas que fazemos. É este tal voltar-me de dentro para fora que quero continuar a buscar.
Todas as experiências nos fazem dar um salto em frente, e ganhamos muito com elas...então neste fim-de-semana aprendi que parar é essencial para poder pesar todas as minhas escolhas. Escutar é das melhores coisas que posso fazer por mim, pois se escutar consigo ver para além dos meus limites. Olhar é estar atenta, e ao observar posso ir plantando os tais frutos que quero ver criados quando olho para trás.
Há dias assim
Há dias em que há coisas que nos dizem (por pequenas que sejam) nos deitam por terra. A minha casa hoje teve (como tem tantas vezes) o nome de CUMN. Senti que podia chegar lá e ser eu, e não ter que estar a mostrar um sorriso para não me perguntarem: O que tens? Estás estranha...
Só hoje...
E por falar em lágrimas! Decidi que nunca mais vou ter vergonha de me emocionar à frente dos outros, se sou por natureza uma pessoa nostálgica, não tem mal nenhum mostrar a nu a minha alma. Porque esta é a minha essência. "Expor os seus sentimentos, é arriscar-se a expor o seu verdadeiro eu". Podemos ser capazes de mostrar o que sentimos sem medo, mas para isso é preciso tempo e vontade de nos conhecermos.
A culpa não é minha...é dos dias que só têm 2h de aulas...