(Des)cola

Aprendi nestes quatro dias que passaram que tudo tem um inicio e um fim...No principio pode custar-nos a adaptação, mas no fim doi sempre mais descolar. Apercebi-me que quando era animanda e cheguei ao meu ASJ 4 pensava: Isto não é o fim, depois serás animadora e aí vais continuar.
Quando finalmente cheguei a animadora os que tinham sido meus animadores já tinham saído, tinha comigo a trabalhar alguns amigos, mas sobretudo pessoas que conhecia de vista de acantonamentos. No inicio nao sentia muito à vontade para expôr as minhas opiniões nem ralhar com eles...as coisas a pouco e pouco foram mudando...e hoje são da minha família.
No nosso acantonamento falou-se muito em saídas de animadores que acham que o tempo deles ali chegou ao fim, muito também por causa da vida, porque estão a acabar os cursos (somos todos universitários) e isso fez-me re-parar. A minha história como animadora também vai chegar ao fim...e depois??? Eu só quero dizer que as despedidas custam muito mas muito mais!
Tenho excelentes animadores a trabalhar comigo! O meu número de irmãos cresceu muito nestes dois anos que passaram, e é tão bom ter-vos na minha vida que não sei explicar.
Tocou-me ver que quando um levantava o braço para falar, levantavamos todos por respeito e por solidariedade! Isto é o verdadeiro significado de grupo.
Há muita coisa na vida que tenho de descolar, mas sem duvida que a vocês quero colar-me a vida inteira!
"Junto vamos onde quisermos"

Os dias..

Há dias em que estamos cansados ou tristes demais (eu estou cansada) para acharmos que o dia que estamos a viver nos vai trazer alguma coisa de bom.

Como já referi, estou cansada porque estive quatro dias longe do mundo a aturar 50 e tal miúdos que adoro, num acantonamento em Avô, perto de Oliveira do Hospital (http://asj-coimbra.blogspot.com) e as horas de sono foram mesmo muito poucas...

Sendo assim, visto que cheguei ontem a casa, já ao fim do dia pouco dormi para o que precisava. Hoje quando cheguei à net, a Catarina (que também foi comigo ao acantonamento) perguntou-me se queria ir fazer uns workshops de instrumentos musicais. Não me apetecia nada...mas eu adoro música e deixei a minha preguiça e decidi ir. Confesso que ia a pensar: oh...ya, é daqueles dias em que sais de casa e entras como saíste.

E juro que foi mesmo esta a minha atitude de hoje...talvez porque estou a morrer de sono. O facto é que não entrei como tinha saído. Entrei mais rica. Fiz workshop de guitarra, guitarra portuguesa, piano, acordeão e flauta transversal.

As coisas que aprendi foram absolutamente incríveis.

E era disso que hoje queria falar, das coisas que aprendemos mesmo quando não estamos dispostos a tal.

Já agora queria agradecer a Deus este acantonamento em que o tema era (des)cola. O descolar das coisas fúteis, para nos colarmos às essenciais. Obrigada às minhas meninas do ASJ 4 que me disseram coisas tão bonitas que fiquei sem palavras...só conseguia abraçá-las!

"Sozinhos vamos onde pudermos. Juntos vamos onde quisermos"

Aprendiz de viajante

Hoje sei que o viajante ideal é aquele que, no decorrer da vida, se despojou das coisas materiais e das tarefas quotidianas. Aprendeu a viver sem possuir nada, sem um modo de vida. Caminha, assim, com a leveza de quem abandonou tudo. Deixa o coração apaixonar-se pelas paisagens enquanto a alma, no puro sopro da madrugada, se recompõe das aflições da cidade.
A pouco e pouco, aprendi que nenhum viajante vê o que outros viajantes, ao passarem pelos mesmos lugares, vêem. O olhar de cada um, sobre as coisas do mundo, é único, não se confunde com nenhum outro.
Viajar, se não cura a melancolia, pelo menos, purifica. Afasta o espírito do que é supérfluo e inútil; e o corpo reencontra a harmonia perdida - entre o homem e a terra.
O viajante aprendeu, assim, a cantar a terra, a noite e a luz, os astros, as águas e a treva, os peixes, os pássaros e as plantas. Aprendeu a nomear o mundo.
Separou com uma linha de água o que nele havia de sedentário daquilo que era nómada; sabe que o homem não foi feito para ficar quieto. A sedentarização empobrece-o, seca-lhe o sangue, mata-lhe a alma - estagna o pensamento.
Por tudo isto, o viajante escolheu o lado nómada da linha de água. Vive ali, e canta - sabendo que a vida não terá sido um abismo, se conseguir que o seu canto, ou estilhaços dele, o una de novo ao Universo.

[Al Berto (1948-1997)]

E eu acrescento: "E mais além subindo as estrelas do céu, descendo ao fundo da Terra só contigo eu vou, embalado nos teus passos vou abandonado em teus abraços sou, um aprendiz de viajante e até me perco em ti" :)

Stuck on you

Ai...hoje finalmente voltei a ouvir esta música, e é que eu gosto mesmo dela :) Acalma-me...muito tempo não soube o nome dela, e hoje a Catarina encontrou-a! Estou a ouvi-la sem parar, porque indirectamente faz-me voltar a viver situações, mas também imaginá-las.
"Preso em ti, acho que estou no meu caminho", acho lindo...e quase que fico sem palavras com a simplicidade de certas músicas, e certos amores. Esta era daquelas que ouviria a noite toda.
Acho que estou no caminho certo. Que é aquele que vem de encontro aos meus valores e à minha forma de edificar a opinião sobre os outros. E o facto de sentir que é por aqui, dá-me uma paz que não sei explicar. Tenho dúvidas? Sim! Mas claro que tenho...mas "acho que estou no meu caminho" e esse sou eu que o faço!!

E já decidi, se um dia casar, esta música fará certamente parte das baladas no bailinho :P

Escrevo para mim

Escrevo para ti que pensas que neste momento não há mais nada a não ser o teu espaço vazio e magoado.
Escrevo para ti que tiveste um dia difícil mas que esperas num amanhã melhor.
Escrevo para ti que estás ansioso com medo de falhar
Escrevo para ti que pensas que a alma não existe só porque às vezes não a sentes.
Escrevo para ti que precisas de um abraço naquelas alturas em que os dias parecem noites.
Escrevo para ti que lês o livro com o nariz colado a cada página, e que por isso, não tens noção do que lês em cada folha.
Escrevo para ti que viajas tanto e estás longe, e escrevo sobre o abraço que te queria dar.
Escrevo para ti que tens projectos e sonhos, mas que ainda não os definiste no seu concreto.
Escrevo para ti, que és um aprendiz de viajante e em cada praia descobres uma nova concha.
Escrevo para ti que tentas apanhar as estrelas para que uma te aqueça o coração.
Escrevo para ti que me deste amor a vida toda e que sem pedir nada em troca o continuas a dar.
Escrevo para ti que foste fazer aquela viagem sem regresso e que por isso as conversas se apagaram...
Escrevo para ti que te agarras à vida reconhecendo que é a única coisa que verdadeiramente te pertence.
...Escrevo para mim, escrevo para mim e escrevo para mim.
Podes é achar que escrevo para ti...

Chumbei

Temos sempre uma lista de coisas a dizer pré-definida consoante a situação. Para as pessoas que não fazem uma cadeira é: Deixa lá, fazes para o ano, não acaba o mundo por isso; para as pessoas que têm que ser operadas a doenças menos graves: Vais ver que corre bem, se fosse a outra coisa seria pior!; para as pessoas que chumbam no exame de condução: Hey! Calma, para a próxima consegues....
Pois é...é muito fácil dizer aos outros quando estamos de fora. Acontece que eu hoje chumbei no MEU exame de condução. Por pura estupidez, não há mesmo outro nome. E claro, estou muito triste e a achar que não valho nada...Já várias pessoas me ligaram, lá está, a dizer uma data de coisas pré-definidas (que eu própria já disse). Acontece que me estou a lembrar de coisas que já me disseram algumas vezes, fazem bastante sentido mas nem sempre as tomo como certas. E estas coisas passam por: O teu valor não está naquilo que fazes, está naquilo que és. E realmente é assim que tenho de encanrar as coisas, não é por ter chumbado que deixo de valer por aquilo que sou. Sinceramente nunca chumbei em nada, e acho que é isso que me causa tal frustração...mas como diz a tia Rosário, é nestas pequenas coisas que vemos que somos iguais aos outros.
Chumbei agora, mas daqui a três semanas vou passar. Não posso é perder a confiança e achar que o que me determina são as coisas que não faço bem.
E como já ouvi muito esta manhã "Não é por morrer uma andorinha que acaba a Primavera".
Não vou andar o meu dia todo a pensar nisto, isso era perder vida! Vou fazer para que seja um dia muito bom com o pouco que tenho.
Obrigada a todos os que me deram uma palavra de conforto, é tão bom ter amigos (triste seria não os ter) :)

O senhor de Londres

E finalmente podem ver a aventura mais fantástica de Londres, que vos falava nuns textos atrás...Chama-se Dave! Este senhor diz-me muito, é absolutamente espectacular! E a rapariga que dança expontaneamente :)

Foi este senhor que nos encheu a alma naquela noite, e nos aqueceu o coração. Só espero um dia lá voltar e poder dar-lhe um abraço! É a minha melhor recordação...."Jesus walks with me". Excelente :)

Dia feliz!! :D

Se há dias felizes este foi um deles, andei a cantar e a dançar toda contente. Isto foi tudo da maneira como encarei o dia....Esteve sol, estive com quem gosto, fiz o que gosto! Não podia correr mal :) Tudo começou, tal como no video, com uma vozinha pequenininha cá dentro a cantar: dia feliz...dia feliz... Mas acabou por se tornar num grito surdo que transformou o dia.
Só para dizer que podemos mesmo ser felizes com pouco :)

Return to innocence

Finalmente encontrei esta música. Não sabia dela há anos e acho-a tão bonita!

Não sei explicar, mas se acreditasse na reencarnação provavelmente teria sido Índia, Indiana ou talvez Africana, porque a ligação e o carinho que tenho por estas culturas são enormes. O desprendimento dos bens materiais é algo que me fascina. E esta música faz-me lembrar tudo isso, como o próprio nome diz é o voltar à inocência. E é disso que sinto falta para mim e para o mundo. O parar e voltar para trás, não vivendo tão agarrados ao que é superfulo. Nós na verdade não precisamos de Internet, nem de telemóveis. As pessoas eram capazes de viver sem isso ("Mas não era a mesma coisa").
Eu tive a infância mais feliz que podia ter...tive uma casa cheia de primos, de tios, avós...escavei a terra para encontrar minhocas, saltei em cima da cama dos meus pais, corri nos campos de milho, levei cabritos para casa, brinquei muito com cães e gatos, patos e galinhas, sujei-me muito, corri em dunas, pintei muito, dancei muito, cantei muito, abracei muito, li muito, sonh(o)ei MUITO. E foi tudo isto que no fundo meu deu a liberdade de continuar a viver a minha inocência.

Sou uma pessoa que caio naquelas "mentirinhas santas" todas, e acho que isso se deve à minha inocência, que agora vou perdendo aos poucos, mas que no fundo continua a base do meu - ser livre.

Quando penso no: Return to innocence, imagino-me na barriga da minha mãe, no quente. Imagino a minha felicidade quando consegui nadar pela primeira vez, ou quando soube que ía ter um mano.

O voltar à inocência da felicidade genuína...é disso que falo, é disso que escrevo, é disso que tenho saudades...e que vou lutar a vida toda para nunca a perder.

Parar, escutar e olhar

Acabo de chegar de mais um fim-de-semana marcante na minha vida. Há duas semanas fui convidada pela Marina, para uma grande aventura. Um grande desafio. Um fim-de-semana com o nome: Deus e nós.

Ultimamente tenho andado a sentir a necessidade de "Parar, escutar e olhar", e foi em suma o que significaram estes dias passados numa casinha isolada do mundo, perdida no meio da serra.

Aprendi muita coisa, só porque disse um "sim", e porque fui capaz de virar o meu interior de pernas para o ar. Destruí-me e (re)contruí-me a partir de dentro, e é disto que preciso fazer muitas vezes ao longo da vida, sem ter uma rotina imposta, mas sim uma coisa que faça por necessidade de melhorar o que anda cá dentro a roer.

Falámos muito de sentimentos e em como o meu olhar sobre os outros está marcado pelos afectos - "O afectivo é o efectivo"- e de ser feliz, onde a vida correr bem é sinónimo de satisfação, ser coerente nas escolhas que faço, na tranquilidade de consciência; e o correr mal serão os problemas sem solução à vista, o não correr como quero. Então a felicidade, passa por olhar para trás e perceber que ao longo do meu caminho, a minha vida deu frutos, em que a FELICIDADE vem da FIDELIDADE - aos outros, mas principalmente a mim.

A vida está a correr-te bem? Pode ser fácil ou difícil, mas continuo na dinâmica de me dar aos outros. A caridade é a capacidade de pôr o amor em acção. Deus nunca nos prometeu uma vida fácil, mas prometeu antes que nos momentos mais difíceis estaria comigo, e a Fé não é mais do que a confiança de que Deus está comigo. No fundo somos as escolhas que fazemos. É este tal voltar-me de dentro para fora que quero continuar a buscar.

Todas as experiências nos fazem dar um salto em frente, e ganhamos muito com elas...então neste fim-de-semana aprendi que parar é essencial para poder pesar todas as minhas escolhas. Escutar é das melhores coisas que posso fazer por mim, pois se escutar consigo ver para além dos meus limites. Olhar é estar atenta, e ao observar posso ir plantando os tais frutos que quero ver criados quando olho para trás.

As amizades que fiz foram muito importantes para mim. Estou mais eu. É bom sentir que me vou aproximando do invisível para os olhos, mas quente para o coração.

"É tempo de parar de olhar à nossa volta
É tempo de escutar, cada nota solta
É tempo de agir o novo sonho está pra vir"

Há dias assim

Há dias a puxar para o esquisito, para a falta de paciência, e para as saudades de casa e do meu ninho.
Há dias em que há coisas que nos dizem (por pequenas que sejam) nos deitam por terra. A minha casa hoje teve (como tem tantas vezes) o nome de CUMN. Senti que podia chegar lá e ser eu, e não ter que estar a mostrar um sorriso para não me perguntarem: O que tens? Estás estranha...
É que há dias em que me apetece mesmo ser estranha, em que não me apetece estar a sorrir para todos. É bom chegar. Ficar como estamos (no nosso canto) e sairmos renovados e com mais coisas para pensar... O ideal hoje teria sido vir para casa sozinha a pensar no que tenho visto, ouvido e vivido.
É que...há dias que gostava que fossem só para mim, sem ser sempre a mesma rotina de ouvir os problemas dos outros e lembrar-me de que tenho alguns meus, para resolver comigo. E nesses momento não me apetece falar de mim, porque nem eu própria sei muito bem o que dizer...
Sou uma pessoa bem mais confusa do que achava ser.

Só hoje...

Há dias em que ainda é um bocadinho dificil de lembrar o que nos doeu muito. Principalmente quando começa a doer pelos mesmos motivos a pessoas que nós gostamos. Mas como já sei lidar mais ou menos com isso, já quase que não custa a passar (qualquer dia estou mestra nisto de aprender a lidar com as lágrimas).

E por falar em lágrimas! Decidi que nunca mais vou ter vergonha de me emocionar à frente dos outros, se sou por natureza uma pessoa nostálgica, não tem mal nenhum mostrar a nu a minha alma. Porque esta é a minha essência. "Expor os seus sentimentos, é arriscar-se a expor o seu verdadeiro eu". Podemos ser capazes de mostrar o que sentimos sem medo, mas para isso é preciso tempo e vontade de nos conhecermos.

A culpa não é minha...é dos dias que só têm 2h de aulas...

Outra vez...

Tenho pensado muitas vezes em como a vida está constantemente a instalar-nos e a desinstalar-nos. Os anos passam a correr, quando (re)paramos já terminamos o curso, já acabaram as férias grandes do Verão, já deixamos de falar com certas pessoas há anos.
Passamos a vida toda de um lado para o outro a adaptarmos o nosso dia-a-dia, à nossa condição. Hoje estou aqui e trabalho com estas pessoas, mas amanhã já posso estar na outra ponta do país (mundo?) com outras pessoas completamente diferentes. Estas mudanças ajudam-nos a sair do ninho quente, obrigam-nos a refazer memórias constantemente. E custa...
Mas tenho pensado também, que de facto somos um animal de hábitos, e que (uns mais que outros) todos temos a capacidade de nos conformarmos (pelo menos) ao lugar onde temos que estar. Somos tão previsiveis que até adaptamos a nossa vida à vida de alguém com quem queremos estar o resto do tempo.
Tenho andado a interrogar-me bastante sobre: é mesmo isto que quero fazer da minha vida? Estar uma vida inteira a fazer cartazes, logomarcas e publicidade?...é uma angústia por vezes, porque a vida tem que ser muito mais do que: crescer, ter um curso, casar, ter filhos, trabalhar, reformar, morrer.
Mas também descobri....que não sou a única a viver estas perguntas. E isso dá-me Paz.