Tesouros


Há dias em que precisamos de partes que nos completem e de lembranças antigas.
Quando olhamos para dentro, vemos que as coisas estão a tomar um rumo em que se encaixam, e ao mesmo tempo a vontade de sonhar aumenta. Aos poucos tudo parece fazer sentido, e as coisas que nos doeram que fizeram crescer, foram/são fonte de sabedoria e momentos de paragem.
Como dizia o Miguel outro dia, a vida para ele é como uma auto-estrada, em que andamos rápido e o caminho é em frente, mas é bom notarmos que há áreas de serviço, onde podemos parar, descansar e abastecer.
Ando a fazer um trabalho para uma das minhas cadeiras. Um que gosto realmente. Tenho que fazer uma revista de música. E sou eu que a penso toda, ou seja, vai ficar mesmo à minha maneira, ao meu gosto. Hoje pedi ao avô para me mostrar os LP's dele...tem tantos! Tantos do Zeca Afonso (ups, ele gosta que lhe chamemos José Afonso), e eu penso que tanto vinil é verdadeiramente um tesouro. Um dia lá atrás, no passado, o meu avô começou a fazer a sua colecção. Com o seu dinheiro foi comprando música, hoje tem aquela colecção espectacular, mas já não tem gira-discos. Ou seja...podemos ter a colecção que temos, mas se não tivermos como a reproduzir será que serve?
Serve!
Gostamos muito de alguém. Nem sempre temos oportunidade de o expressar, ou não nos lembramos...vale a pena gostar então? Vale!
Hoje quando cumprimentei um amigo, em vez de dois, recebi quatro beijos. Para que eu percebesse ele disse-me: Rita, dois destes beijos, foram-te enviados pelo Pedro do Porto...diz que tem saudades tuas!
Então...tu fez sentido! Fiquei tão contente! Tão cheia de alegria e saudades que não cabia em mim...
O Pedro é das pessoas que mais guardo com carinho. É parte integrante dos meus amigos guardados na arca do tesouro. É um dos LP's que nem sempre tenho maneira de reproduzir, mas que mesmo assim me congratulo por trazê-lo comigo.
As nossas amizades são construídas lá atrás...um dia no passado. É certo que não são uma colecção, mas são valiosas e alegram-nos.

É por estas e por outras, que vale muito a pena viver e sermos quem somos. Se formos transparentes não há memória que nos apague...talvez nos esqueçamos às vezes...

"Por favor, cativa-me""

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