"As flores não se dão aos mortos, dão-se aos vivos" dizia há pouco o padre Carlos. E disse ainda "Hoje muita gente foi aos cemitérios, para se encontrar com os seus ente-queridos, mas ao ir lá não encontraram nada", pois claro...as pessoas que partiram, partiram, não estão nas campas nem nos gavetões. As pessoas que partiram, estão connosco, estão tão presentes quanto as quisermos deixar estar, estão em Deus. Existem tanto quanto nós as deixarmos existir.
A nossa história está marcada na história daqueles que passaram por nós e que não foram sós.
Tenho a sorte de não ter passado ainda, por muitas perdas. Mas tenho noção do quão difícil é a dor da separação.
Tenho pensado sobre: O que será que nos prende tanto aos outros? O que faz com que uma pessoa, de um momento para o outro, passe a ser tão nossa, e a fazer tanto parte de nós?; É difícil de explicar, é difícil encarar a morte. Não sou uma pessoa que pense muito na morte. Gosto de viver alheada do que temos de mais certo, porque acho que há tanto para viver.
Para mim faz sentido este dia. É o dia em honra daqueles que já partiram. Não um dia para nos lembrarmos de quem partiu, porque quando a perda é grande, as lembranças vêm-nos à cabeça regularmente. É sim um dia em que de certa forma saudamos a memória dos que estão na outra margem...
Uma vez, em pequena, vi numa lápide: Quem morreu não está morto! Apenas partiu primeiro. Depois da morte, a vida eterna.
Não será isto tudo, apenas um "até já?". Acho bem mais bonito dizer "até um dia destes" do que "adeus". Adeus é muito tempo. O que nos separa é uma questão de tempo. E o tempo é escasso.
Somos todos livros inacabados.
Chegámos até aqui, o resto continua por escrever. Quero ser lembrada depois de morta, como uma pessoa que foi capaz de ser fiel a si e aos outros. Uma pessoa que foi transparente, e de uma forma subtil foi deixando marcas. O melhor que posso deixar é a alegria com que encaro as pessoas.
Por isso,
tia Júlia, tio Carlos, "avó" Maria, menina Mártires, avô Manel,
até já, com saudade!
P.s. - "A malta encontra-se toda" Pe. Carlos Carneiro
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