Porque perdemos o entusiasmo?

Porque perdemos o entusiasmo à medida que crescemos?
Porque é que estou presa a tanta coisa, que me deixa segura, mas não me entusiasma? E afinal, o que é o entusiasmo?
Para mim é algo me faça mexer e ir mais além... sentir que as coisas não são tão lineares e "sem sal".
Hoje enfeitámos a casa de Natal...lembro-me que o ano passado, o J. estava muito entusiasmado e eufórico com tudo, e de certa forma eu já não me sentia assim...e ele ficava desanimado por eu não estar como ele.
Gosto de o ver assim, cheio de alegria com as pequenas coisas...com os filmes dele, com aquilo que o motiva. Antigamente, o dia em que enfeitávamos a casa, era aquele grande dia! Punhamos sempre o CD que a mãe comprou há muitos anos, com as músicas de Natal...era o dia em que a Véspera do nascimento de Jesus, estava realmente quase quase quase aí! Não havia nada melhor que isso.
Hoje, nem eu nem o J. estávamos entusiasmados. Não posso culpá-lo por estar aos poucos a perde-lo, eu também o fui perdendo.
Isto só me faz crer, que é em pequenos, que os nossos sentimentos se aproximam do mais puro que pode haver. Tenho saudades de ser tão genuína como antes...
O valor das coisas, só muda aos nossos olhos... elas sempre foram como são.
Parece que agora, as coisas perderam a beleza...
Faz parte, vermos o mundo de outro ponto de vista, mas será que podemos ter saudades da nossa própria identidade?

Porque perdemos o entusiasmo?
Não sei....
Mas gostava de perceber um dia, sem a mítica frase: "A vida é mesmo assim", porque isso não chega para mim.

Pedaço de barro


Há dias em que me sinto imensamente acarinhada por todos, e outros em que ponho em causa as amizades das pessoas.
Se calhar, sou só eu que invento que construo coisas bonitas e sinceras, mas acima de tudo, transparentes...amizades em que dou de mim, aquilo que sou realmente. E afinal, não sou correspondida nesse sentido.
Períodos em que me dou muito bem com alguém e de repente essa pessoa desliga, salta fora e desaparece no mapa.
Quase sempre, tenho muitas saudades de muita gente, e quase sempre "essa muita gente" não me liga nenhuma. Acrescento ainda, ao quase sempre, há pessoas que eu não gosto e essas pessoas gostam de mim. Isto é uma grande salganhada!
Sinto que tenho saudades de pessoas que não merecem, e pessoas que merecem, eu nem me lembro delas na maior parte dos dias. Sinto-me em parte culpada por isso...
Somos animais de atenção, e eu sou tal e qual assim... quero atenção. E sinto falta dela.
Sou culpada de algumas distâncias, e de outras nem tanto. Algumas sei assumir, outras dão cabo de mim, porque dou voltas e voltas para tentar percebe-las, e não saio da estaca zero!

E hoje é assim... a verdade pura e crua (ou dura e nua, ou lá como se diz). Sem grandes belezas na escrita, nem redundâncias que hoje não quero cá disso...
Sinto-me um pedaço de barro, com o espírito moldável consoante o que os outros me trazem...mas alma, não! A alma continua a ser a minha!

Amigos sem fronteiras


Já está a nevar na Polónia!
Como é que eu sei isto? Porque a minha amiga Gosia, pôs esta foto hoje de manhã no meu perfil do Facebook, e eu fiquei super contente, sem saber o que dizer! :)

é tão bom quando se lembram de nós e nos dão estes miminhos inesperados! :)

"Uma imagem vale mais que mil palavras" :)

Tempos de mudança

Ando lentamente a interiorizar as mudanças que se vão passando e que estão para vir.
Sim, agora percebo que estamos sempre a colarmo-nos e a descolarmo-nos da vida, dos lugares e das pessoas.
Então...deu-me a saudade.
A saudade da inocência, de quando tudo era certo, e o ser grande está muito longe...
Estas músicas, eram desse tempo...do tempo em que os próprios cantores eram (pareciam) inocentes.
Ai...os bons anos 90... :)

Jorge...Jorge...

Digam o que disserem, este homem é um Senhor! :)
Porque neste dia apetece-me muito dançar ao som desta voz!






O amor é tão longe

Sabes porque quero tanto ser eu?
Porque sinto a culpa de quem nem sempre foi ele mesma. Sinto que perdi quando tentei ser quem não era.
Só sendo eu, posso dar aos outros...
Só sendo eu sou verdadeira.
E esta culpa está comigo e volta a viver cada vez que penso nela.
Ando a dominar-me, ando a contrariar-me!
Isso tem sido bom...

"Trouxe pouco, levo menos...e a distância até ao fundo é tão pequena. No fundo é tão pequena a queda"

"O amor é tão longe"


O SORRISO


Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a
porta.
Era um sorriso com
muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa,
ficar
nu dentro daquele
sorriso.
Correr, navegar, morrer
naquele sorriso.

Eugénio de Andrade


Um simples obrigada pelos sorrisos que começaram as nossas (longas) amizades! :)


:) "Sometimes you can't make it on your own"

Noite CC - Cristo em Coimbra 2010


Ora bem!
Tanta coisa para contar... tanta história para partilhar.
Ontem/hoje, aconteceu em Coimbra mais uma Noite CC. Quer dizer: Cristo em Coimbra. Inicialmente pensava que "CC" queria dizer "Com Cristo", o que também não perderia o sentido e seria igualmente bom...mas uma noite de Cristo em Coimbra, é algo com mais dimensão...
Mas afinal o que é isto de Noite CC?
Para quem diz que a Igreja não sabe chegar às pessoas, e que não somos mais que um coro de velhas beatas que vai "rezar à missa", devo dizer que é uma actividade diferente em tudo. Basta termos a coragem de arriscar, abrirmo-nos a coisas novas e boas! É uma noite de directa pela cidade, em que temos vários pontos com vários temas, que nos ajudam a pensar sobre a forma como vivemos e encaramos as coisas.
Começamos no Mosteiro de Santa Clara a Velha. O tema era - O sonho de Deus... Nós somos o sonho de Deus, o sonho mais bonito que Ele sonhou...idealizou tudo para nós. Sentamo-nos no chão e pusemos uma venda nos olhos...e desta forma através de estímulos fomos experimentando os cinco sentidos que Deus nos deu, e que são importantes!
De seguida fomos para a praça da canção, onde estava a nossa querida Ana Loureiro pronta para nos encantar com a sua bela voz :) e onde houve também uma dramatização do quão importante é agarrarmos Os nossos sonhos!
Quando os sonhos perdem a força....tantas vezes eles perdem a força! Foi o momento em que ouvimos o Padre João Paulo Vaz a cantar duas das suas músicas fantásticas, e a partilhar momentos! Foi nesta altura em pudémos parar para fazer uma reflexão pessoal sobre o que estavamos a viver, e a forma como temos vivido até aqui. O que me tira a força de sonhar? Que duvidas é que me impedem de realizar o que quero para mim? Esta reflexão foi na travessia da ponte Pedro e Inês. E foi importante, para chegar a mim, ao que vem de dentro.
Houve este pequeno momento, aqui representado no vídeo em que tomamos mesmo consciência de que somos apenas aprendizes de viajantes...mas que nos podemos deixar guiar por Alguém que nos ama e que nos sonhou.
A Arte de bolinar, foi outro momento importante...este passou-se no Basófias. Sentamo-nos em grupos de 3 e aí partilhámos dúvidas, alegrias...medos. Partilhamos muito Coimbra :)
E como não podia deixar de ser, partimos para a super missa!! Ehehe! Às 3h da manhã, na Igreja de S. Tiago, na praça do Comércio. Edificados na Fé, edificados na rocha. Descobrimos a importância de construir a nossa vida com bases sólidas, com os materiais certos, e com os tempos certos. As pontes que devemos construir são muito importantes...Deus já construir a ponta para nós O podermos alcançar.
Seguimos para "O museu Machado de Castro", bem, na verdade foi para a Igreja de S.Salvador, porque estava a chover muito...foi dos momentos que mais gostei, deste Vidas com Sentido.Um ilusionista foi falar-nos da sua vocação, ao mesmo tempo que fazia ilusões :) E uma professora de EVT que foi pintando uma tela à medida que falava da sua história!
O ultimo momento eu não assisti...chamava-se Enraizados n'Ele, e era no Jardim Botânico, mas tive que ficar à espera da chave da Igreja de S.Salvador e acabei por não chegar a tempo...
Por fim...o Pequeno almoço - Um chá Quente.
E assim vivi a minha segunda Noite CC... Ainda estou meia "abananada" com tanto que tenho que pensar...a verdade é que a nossa vida e a maneira como a organizamos não é feita para termos momentos de paragem, mas eu lá vou ter que arranjar um, porque há muito que olhar para dentro...há muita coisa para ser deixada para trás, e muita para se deixar entrar!
"Ocuparmo-nos mais...mais muito mais dos interesses de Jesus"...

Só tenho pena de quem pode viver esta noite, e não quis responder ao desafio... há coisas, mesmo que estejamos de rastos e tenhamos milhentas coisas por fazer valem a pena!
Sinto que são momentos de crescimento e interiorização... e preciso disto..."mais muito mais"...
Quando Deus me tocou, nunca mais pude ser a mesma....









P.s.- E não foi a chuva que nos demoveu ;)

Verdades



Hoje sei que "quando é que sou fraca então é que sou forte".
Sei também, que a vida que temos agora não deve ser um dado adquirido como "para sempre". Não há "para sempres". Aprendi isso de um dia para o outro.
Não me tornei amargurada nem fechada nas ideias, apenas consegui tomar distanciamento (o distanciamento necessário) para perceber que as palavras são ténues e que um simples gesto pode derrubá-las.
Vivo com mais intensidade, mas também mais contida. Ser contida, não é ser fechada. É ser mais próxima de mim, e porque não...mais próxima dos outros? Alguém dizia que só percebeu a importância do silêncio, quando teve que se calar para não magoar ninguém.
As verdades, têm muito que se lhes diga... acredito nas verdades, e continuo a acreditar nas verdades passadas... mas e o presente? No presente, essas verdades soam a estranho e desconhecido...
São tudo coisas que ao reabrir algumas caixinhas da memória, consegui reviver...não na pele, mas no pensamento. Não fazem nem bem, nem mal. Apenas são parte de mim. São a minha história...e a minha história não me envergonha. Nunca teria começado a escrever se não fosse a minha história. Nunca quis chegar a ninguém, se não a mim própria, no meio de todos estes textos passados.
Pode haver algo mais autêntico que o amor?


"(...) e mesmo que um dia, leias esta carta e as coisas não tiverem dado certo...só quero que saibas que tudo o que aqui está é verdade"


P.s. - Eu acredito, em todas as verdades.

Cuidado - Esta música é viciante


Mais uma música linda...desta vez para rezar!
Obrigada Carlitos por ma teres mostrado! :) É impossível parar de ouvir!

Tesouros


Há dias em que precisamos de partes que nos completem e de lembranças antigas.
Quando olhamos para dentro, vemos que as coisas estão a tomar um rumo em que se encaixam, e ao mesmo tempo a vontade de sonhar aumenta. Aos poucos tudo parece fazer sentido, e as coisas que nos doeram que fizeram crescer, foram/são fonte de sabedoria e momentos de paragem.
Como dizia o Miguel outro dia, a vida para ele é como uma auto-estrada, em que andamos rápido e o caminho é em frente, mas é bom notarmos que há áreas de serviço, onde podemos parar, descansar e abastecer.
Ando a fazer um trabalho para uma das minhas cadeiras. Um que gosto realmente. Tenho que fazer uma revista de música. E sou eu que a penso toda, ou seja, vai ficar mesmo à minha maneira, ao meu gosto. Hoje pedi ao avô para me mostrar os LP's dele...tem tantos! Tantos do Zeca Afonso (ups, ele gosta que lhe chamemos José Afonso), e eu penso que tanto vinil é verdadeiramente um tesouro. Um dia lá atrás, no passado, o meu avô começou a fazer a sua colecção. Com o seu dinheiro foi comprando música, hoje tem aquela colecção espectacular, mas já não tem gira-discos. Ou seja...podemos ter a colecção que temos, mas se não tivermos como a reproduzir será que serve?
Serve!
Gostamos muito de alguém. Nem sempre temos oportunidade de o expressar, ou não nos lembramos...vale a pena gostar então? Vale!
Hoje quando cumprimentei um amigo, em vez de dois, recebi quatro beijos. Para que eu percebesse ele disse-me: Rita, dois destes beijos, foram-te enviados pelo Pedro do Porto...diz que tem saudades tuas!
Então...tu fez sentido! Fiquei tão contente! Tão cheia de alegria e saudades que não cabia em mim...
O Pedro é das pessoas que mais guardo com carinho. É parte integrante dos meus amigos guardados na arca do tesouro. É um dos LP's que nem sempre tenho maneira de reproduzir, mas que mesmo assim me congratulo por trazê-lo comigo.
As nossas amizades são construídas lá atrás...um dia no passado. É certo que não são uma colecção, mas são valiosas e alegram-nos.

É por estas e por outras, que vale muito a pena viver e sermos quem somos. Se formos transparentes não há memória que nos apague...talvez nos esqueçamos às vezes...

"Por favor, cativa-me""

O que fazer, depois da desilusão?

Sigo o blog do João Delicado sj, que tem textos excelentes para reflectir.
Podem ver este aqui, que no fundo...nos toca a todos.

Um abraço :)
"Nós somos da altura do que vemos" Tolentino Mendonça

Comer, Orar, Amar


"Às vezes, perder o
equilíbrio por amor......faz parte de viver a vida em equilíbrio.

No fim, comecei a acreditar numa coisa que chamo "física da busca".
Uma força da natureza governada por leis tão verdadeiras quanto a lei da gravidade.
A regra da "física da busca" é assim:
Se tiveres a coragem de largar tudo o que é familiar e confortante, que pode ser a tua casa
ou arrependimentos, e sair numa busca da verdade, seja ela interna ou externa...
Se considerares uma dica tudo o que acontecer na jornada, e aceitares todos os que conheces como um professor....
E se estiveres preparada para enfrentar e perdoar realidades difíceis sobre ti mesma

...a verdade não te vai ser retirada."

Andava há que tempos para ir ver o "Comer, Orar, Amar". Desde que vi na Oprah falarem sobre este filme que me deu uma vontade imensa de o ver (e nessa altura ainda não tinha saído nos cinemas). Hoje consegui!
Só pelo grande tema em si me fascinou desde o 1º minuto, é a história de uma mulher que se farta da vida que tem, e decide tirar um ano e ir conhecer o mundo e se encontrar! E foi conhecer Itália (Roma), Índia (que eu tenho mesmo que conhecer um dia, porque acho lindo lindo) e Bali, por ultimo.
Isto levou-me a pensar em como é importante sentirmo-nos equilibrados, para podermos ser alento para os outros.
Pensei também, que a sociedade é que nos impõe tantas regras que em parte nos tira a liberdade.
À partida, seria impossível alguém deixar hoje, o emprego que tinha, deixar os seus impostos e tudo o que mais advém, para ir fazer uma viagem destas. A sociedade não nos dispõe tempo para nós mesmos, pelo contrário - exige de nós. Por vezes temos que dar o que temos e o que não temos.
Não se ouve ninguém dizer: Não estás bem contigo mesmo? Não te sentes capaz de te entregar aos outros? Então deixa o que tens, tira um tempo para te encontrares.
É precisamente ao contrário: Não estás bem contigo mesmo? Não te sentes capaz de te entregar aos outros? Meu amigo, tenho muita pena...mas a vida continua.
À medida que crescemos as regras vão aumentando. Claro que não defendo uma sociedade sem regras, isso seria a selva, mas algo que nos permitisse ser quem somos, ir ao fundo de nós.
Vendo bem, é estúpido tantas vezes não podermos deixar tudo para trás só porque a nossa vida confortável é onde estamos!

Bem, mais não digo...
O filme acaba com o texto acima. São as conclusões que a protagonista tira!

Por favor, vejam este filme! :)

P.s.- Eu gostei tanto que acho que agora vou ler o livro! :P

O maior orgão é o Coração


Na escola ensinam mal os meninos...
Começam desde cedo a aprender que o maior orgão que nós temos é a pele! E tenho descoberto do alto dos meus 20 anos que é mentira.
O maior orgão que nós temos é o coração!
É no coração que cabem todas as pessoas que nós já gostávamos, que gostamos agora e que ainda vamos gostar! E o mais engraçado, é que não temos que tirar umas pessoas para caberem outras. Ele aumenta consoante.
Quando ficamos tristes com alguém, fica apertadinho, mas não é por isso que a pessoa deixa de lá caber e ter o seu espaço.
Acho que nunca tirei ninguém do coração. Se calhar já arrumei algumas pessoas assim numas estantes, mas tirar de lá não! Quando alguém tem o privilégio de morar no coração de outro alguém, acredito que nunca mais possa de lá sair.
É verdade que há pessoas ocupam mais espaço, e outras menos...também é verdade que umas já ocuparam menos e agora ocupam mais.
E pronto...
Dei factos mais que suficientes para começarem a mudar todooooos os manuais da primária!

O maior orgão é o coração!

P.s.- Qualquer dia digo mais qualquer coisa sobre ele, porque há muito mais a dizer :)
Sabes do que preciso?
De conversas a sério. Profundas, que me levem a descobrir coisas em mim.
É disso que tenho saudades... de conversas com luz, que iluminem os dias. Preciso de abraços apertados que me façam sentir.
Conversas por cima não chegam... como tudo o que é por menos não chega. Viver por menos e não por mais, não chega.
Se calhar sou eu que sou muito exigente de mais. Há tanto ainda para aprender.

Tanto...tanto mais...

Olá! Cá estamos nós outra vez

Quero deixar-vos aqui um dos trabalhos que tenho andado a fazer, para uma das minhas cadeiras académicas.
A proposta era escolhermos uma música da qual gostássemos, e através do vídeo ilustrá-la. Poderíamos usar imagens já existentes ou fazer as nossas mesmas.
Para se tornar mais coerente, optei por realizar as minhas próprias imagens.
A música escolhida foi o "Olá(cá estamos nós outra vez)" desse grande senhor da música Jorge Palma!

Um agradecimento especial aos actores: Luís Eloy e Ana Rodrigues, e ao operador de câmara João Duque. E um muito grande ao Teatro Académico Gil Vicente!



Um abraço! "Cá estou eu, outra vez"

Todo o Risco


A possibilidade de arriscar
É que nos faz homens
Voo perfeito
no espaço que criamos
Ninguém decide
sobre os passos que evitamos
Certeza
de que não somos pássaros
e que voamos
Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos.

Damário da Cruz

Uma questão de cruzes


Podia apagar o meu post anterior, pelo simples facto de o meu estado de espírito ter mudado, mas não o vou fazer!
No espaço de uma hora, a minha visão do dia mudou. Fui ao CUMN, como sempre, e tudo o que ali foi falado, parece que foi para mim.
Eu tenho a mania que cruz é só aquilo que me custa muito, que me dá dores muito grandes, e hoje percebi que a cruz pode ser de vários tamanhos.
Não estava nada animada porque estou no ultimo ano da licenciatura e tenho uma série de cadeiras que não me dizem nada, que me fazem crer que eu não nasci para isto e que me levaram andar a dizer a tarde toda: não estou motivada.
Bem, depois desta conversa das cruzes, percebi que o meu erro é não encarar as cruzes com amor. Se nas minhas entregas eu puder pôr o que sou e mesmo as coisas mais leves, então a minha cruz será leve, e mais fácil de transportar. Estar neste curso foi uma escolha, minha! Só a mim me cabe arranjar vontade e encarar o "problema" da melhor forma.
Continuo sem algumas seguranças que me ajudariam se existissem, mas o ânimo agora é outro. E a vontade também tem que ser outra.

"Quanto devemos amar? Amar até doer..." é por aqui o caminho.

Wait for the dawn

Para dias inseguros, músicas inseguras...
Devia funcionar mais: para dias inseguros, músicas seguras!; Mas comigo isso não acontece, e de certa forma estas músicas dão-me o conforto que preciso, para além de fazerem parte da caixinha das recordações. Os bons tempos do secundário, em que não havia coisas difíceis por fazer....só as menos fáceis. Bem, tudo é relativo!
Afinal...acho que somos todos uns lutadores, que ultrapassamos e vencemos, e acabamos por nos sair melhor do que esperávamos.
Hoje só quero ver, para além de olhar....


P.s.- Já vos disse que detesto que mude a hora? Que detesto sair das aulas e ser de noite? Acho cada vez mais, como um caranguejo a preceito que sou, que sou uma mulher de tempo quente e comprido!

P.s. 2 - Mais uma vez a dizer coisas que nem eu percebo muito bem, mas que me saem...

"A malta encontra-se toda"


"As flores não se dão aos mortos, dão-se aos vivos" dizia há pouco o padre Carlos. E disse ainda "Hoje muita gente foi aos cemitérios, para se encontrar com os seus ente-queridos, mas ao ir lá não encontraram nada", pois claro...as pessoas que partiram, partiram, não estão nas campas nem nos gavetões. As pessoas que partiram, estão connosco, estão tão presentes quanto as quisermos deixar estar, estão em Deus. Existem tanto quanto nós as deixarmos existir.
A nossa história está marcada na história daqueles que passaram por nós e que não foram sós.
Tenho a sorte de não ter passado ainda, por muitas perdas. Mas tenho noção do quão difícil é a dor da separação.
Tenho pensado sobre: O que será que nos prende tanto aos outros? O que faz com que uma pessoa, de um momento para o outro, passe a ser tão nossa, e a fazer tanto parte de nós?; É difícil de explicar, é difícil encarar a morte. Não sou uma pessoa que pense muito na morte. Gosto de viver alheada do que temos de mais certo, porque acho que há tanto para viver.
Para mim faz sentido este dia. É o dia em honra daqueles que já partiram. Não um dia para nos lembrarmos de quem partiu, porque quando a perda é grande, as lembranças vêm-nos à cabeça regularmente. É sim um dia em que de certa forma saudamos a memória dos que estão na outra margem...
Uma vez, em pequena, vi numa lápide: Quem morreu não está morto! Apenas partiu primeiro. Depois da morte, a vida eterna.

Não será isto tudo, apenas um "até já?". Acho bem mais bonito dizer "até um dia destes" do que "adeus". Adeus é muito tempo. O que nos separa é uma questão de tempo. E o tempo é escasso.

Somos todos livros inacabados.
Chegámos até aqui, o resto continua por escrever. Quero ser lembrada depois de morta, como uma pessoa que foi capaz de ser fiel a si e aos outros. Uma pessoa que foi transparente, e de uma forma subtil foi deixando marcas. O melhor que posso deixar é a alegria com que encaro as pessoas.

Por isso,
tia Júlia, tio Carlos, "avó" Maria, menina Mártires, avô Manel,

até já, com saudade!

P.s. - "A malta encontra-se toda" Pe. Carlos Carneiro