Hoje trajei pela ultima vez, porque acho mesmo que não trajo mais.
Acabei de chegar da cerimónia da Benção das Pastas (que na verdade é a benção das pessoas, como elementos de uma sociedade activa).
Estou especialmente emocionada, primeiro porque sou uma pessoa que se emociona facilmente com as coisas bonitas da vida, mas também porque é o sentir que subi mais um degrau na escadaria enorme que é a vida.
O fado não se vai calar. Sinto na pele cada bocadinho da tradição e da academia.
Três anos que passaram num instante, e que de facto não nos dão ainda capacidades para o mercado de trabalho, mas que vão lentamente ajudando a descobrir o caminho de cada um. Se há inveja para sentir neste momento, será só e apenas, dos cursos que têm mais que três anos, e que prolongarão a sua vida académica por mais tempo...porque realmente estes são os melhores anos da nossa vida.
Durante a Benção pensei, que estes anos de universidade fizeram para mim, muito mais sentido porque escolhi vivê-los com Deus, e quis integrá-Lo no que fazia. O CUMN foi uma peça fundamental ( e nos ultimos tempos o CUPAV), por tanto que lá descobri e mudei as minhas formas de ver o mundo. Sei que houve momentos em que me apeteceu desistir de tudo, por problemas exteriores que me tiraram a força (pensava eu), mas afinal, e também no contexto destes três anos, aprendi com S.Paulo que, "quando sou fraco, então é que sou forte".
Houve cadeiras impossiveis de fazer, que pareciam grandes bichos contra mim. Mas é com grande orgulho e gratidão que posso dizer que não deixei nem uma para trás, com a paciência de muitos colegas que sem saber carregam dentro um bocadinho de Deus, e se dispuseram a ajudar-me.
As Queimas e Latadas...não há nada a dizer, simplesmente porque não consigo falar do que mora aqui dentro e que guardo com tanto carinho.
Quero muito agradecer aos meus avós, que têm tanto simbolismo para mim. Ofereceram-me o traje, a Filomena ofereceu-me a Pasta.
Espero ter conseguido honrar sempre o que vestida. Tenho muito orgulho em ter pertencido a esta vida com tantas tradições e histórias que é COIMBRA.
Está escrito algures, perto da Torre do Anto "Aqui vivemos aqui sorrimos, aqui perduraremos". E assim é...não sei o que vem aí, nem como nem quando. Sei que certamente será longe desta cidade, mas aqui também está um bocadinho da minha história, que é a história desta vida estudantil!
Foram os meus Verdes Anos.
Capa Negra sempre, com muita saudade. Porque só quem estuda em Coimbra e se arriscar a viver as tradições na integra é que sente o que é Saudade.
Podia deixar-vos muitos fados, mas este sem dúvida é o canto neste momento.
Que voz!
Que voz!
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