Acredito mesmo, que ela viveu a sua vida em plenitude, e foi luz muitas vezes para os outros.
Foi a pessoa que melhor nos acolheu quando nos mudamos para esta casa.
Gostava de passear. Lembro-me que enquanto podia, ia todos os dias dar a sua caminhada até à baixa e voltava. Trazia-nos laranjas quando lhe davam, e chamava-me Ritinha, porque para ela eu nunca cresci.
Depois ela começou a tremer muito. Não se aguentava mais nas pernas...aos poucos o seu corpo deixou de obedecer, e a sua casa era o lugar onde passava a maior parte do seu tempo.
Nos últimos três anos e quatro meses, perdi a conta às vezes que ela foi para o hospital e que nós pensámos: é desta que a luz se apaga; mas não!
A dona Conceição viveu este tempo todo, graças à irmã e ao cunhado, que estiveram sempre sempre ao lado dela, dia e noite...abandonaram as suas vidas para a fazerem viver. O que prolongou a vida desta senhora foi o amor. E não tenho dúvida, que sem o amor que todos lhe dávamos, em especial estes dois senhores, a chama já se tinha apagado há muito tempo.
O que movimenta o mundo e o que nos mantém à tona, é o Amor. A dedicação. A amizade.
A Luz apagou-se ontem à noite. A rua iluminada apenas com os pirilampos da ambulância permaneceu em silêncio. É assim viver... com partidas constantes, e uma apenas definitiva.
Ontem chegou ao Céu, mais um anjo. Um anjo magrinho com olhos azuis da cor do céu limpo.
Até já, até sempre. Agora que estás Longe do Mundo...
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