Somos o sítio que nos faz falta

Hoje li uma frase que me deixou a pensar — "Nós somos o sítio que nos faz falta".
Ainda sem perceber muito bem todos os sentidos que esta expressão pode ter, lembrei-me da Homilia de ontem, no CUPAV, em que o Pe. Nuno falava de nos virarmos para fora.
Quase sempre, demoro tempo a chegar e a compreender tantos conceitos que me podem tornar melhor. Isto porque, sinto que os preciso de remexer e interiorizar bem (ainda ando a mastigar os Exercícios Espirituais), tudo isto me faz compreender que somos Seres com uma forte vertente espiritual e que grande parte do que somos, provém deste entendimento.
A felicidade não é algo distante, nem algo que se apanhe. É uma construção que começa em coisas pequenas. Não está depositada no seu todo em alguém, porque há muita fragilidade nas relações humanas. Está fora mas também está dentro de mim. Se somos "o sítio que nos faz falta" é porque há um vazio por preencher e não é seguro que estejamos contentes todos os dias, porque não estamos. A verdadeira felicidade pode ser construída na entrega de cada dia, seja na cedência de um lugar de autocarro, seja no lavar mais um prato que está no lava-loiças e não fui eu que sujei. Isto são pequenas coisas, feitas a pensar no outro e no seu bem-estar.
Penso que Deus nunca nos pede nada que ache que não consigamos concretizar. Se me eleva a fasquia, é porque sabe que eu estou à altura e isso, deve ser um motivo de orgulho e humildade, não de desespero. É uma questão de encararmos as alturas atribuladas como oportunidades de crescer e sentirmo-nos profundamente agradecidos por isso. É dar Graças pelo cansaço e pela tribulação. Precisamos de dificuldades que nos lancem.
Andamos tão ocupados a procurar a Felicidade, nos sítios fugazes que não percebemos que é importante olhar para dentro, arrumar as prateleiras do coração e olharmos as coisas do alto.
Como sempre, descubro que há maneiras de ver e pontos para ver.


"Acho que o Senhor Deus deve ser muito bom músico para conhecer os nomes de todos os acordes. Talvez Ele não se importe de saber que a gente lhes dá nomes diferentes desde o momento que saiba que o tocamos."

in Senhor Deus, esta é a Ana

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