(Des)encontros

Hoje imaginei-me naquela varanda da casa da Tocha. A varanda com o chão de madeira que dava directamente para a horta e para os canteiros que ao longo dos anos fui tentado construir. Pus-me a pensar que se me sentasse ali por umas horas, aquele chão me podia contar dezenas e dezenas de histórias que vivi, umas que me lembro muito bem, outras que seriam novidade (mesmo tendo-as vivido).

Então, lembrei-me da avó...e das tardes que passei ali com ela. A avó descascava o feijão e eu sentava-me no chão a pintar qualquer coisa. Muitas vezes a mãe sentava-se ao lado a ler (a mãe gosta muito de ler) e o avô (com aquele chapéu branco) chegava e contava o que tinha andado a descobrir. E assim passei os melhores anos da minha vida... Naquela varanda, naquele sitio. À medida que fui crescendo deixei de gostar de ir para lá: "Não quero ir! Vou perder o fim-de-semana!"; Mas...agora que olho, penso que tudo fez parte. São bocadinhos da minha história que me fizeram e vão continuar a fazer a pessoa que me torn(ar)ei.

Enquanto pensava nisto tudo, sentia o coração quente por ser tão feliz, com o que tive e tenho, e olhava para as pessoas à minha volta e reparava: Toda esta gente tem uma história, que nalgum momento da vida passou a fazer um bocadinho parte da minha. Não sei porquê! Com muitas delas talvez nunca venha a falar, mas é engraçado perceber o que nos leva para um lugar onde vamos ao encontro de outras histórias (por vezes tão diferentes). Há momentos em que as histórias são como aqueles carris que têm duas direcções (os tais encontros e desencontros), e hoje faz um ano em que a minha carruagem cheia de tanta coisa foi para um lado, e a carruagem de outra pessoa foi para outro completamente distinto. Não foi fácil, mas ao fim deste tempo posso dizer que o caminho melhor não é sempre o mais fácil ou o mais confortável. Aprendi que este caminho que fiz foi muito importante, e guardo comigo as dezenas histórias de tanto tempo de partilha. Quero agradecer a Deus por ter conhecido outra história que em tempos completou a minha, mas que agora faz parte de um passado às vezes bonito, outras pouco risonho. Quero agradecer todas as histórias que têm vindo a enriquecer a minha (isto é em especial para ti Guida :] ).

Se me sentasse no chão daquela varanda, podia contar-lhe muitas histórias que ela ainda não sabe, mas que me ajudariam a completar o livro por escrever que mora no meu coração.

Rita

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