Talvez o tempo não ajude. Talvez as pessoas não ajudem ou talvez seja o vazio do deixar.
Tenho muito carinho por um pequeno livro que comprei há uns anos. Chama-se: "Quero falar-te dos meus sentimentos". Nesse livro, fazem uma analogia entre o diálogo e um jogo de atirar a bola. Podemos ver as conversas de diferentes maneiras. Quando eu atiro a bola (discurso) e a pessoa a apanha, estabelece-se um diálogo. Mas nem sempre a pessoa a apanha, ou eu posso atirá-la para muito longe e aí existe um monólogo.
Tenho sentido que ao "atirar a bola", muitas vezes do outro lado não há uma receptividade para a apanhar e isso custa-me muito. Custa-me a falta de transparência, de coerência e verdade.
Aos poucos vou entrando no mundo real e vou conhecendo a cabeça dos que me rodeiam (é de facto complicada). Não é "entendendo" é "conhecendo". De facto, é-me difícil entender que as pessoas não pensam que com simples palavras podem magoar e que se calhar, por trás de um silêncio, há uma dor escondida. Cada vez se pedem menos desculpas e cada vez menos se reconhece que se errou.
Não há nada de mal sermos nós em todas as coisas.
Não há nada de mal na verdade.
Não há nada de mal em dizer o que sentimos, mas com palavras que não firam o outro.
Ora bolas!..
Hoje estou para isto e há tão poucos que o percebem!
Ninguém está habituado a (re)parar.
"Nos desenhos animados, nunca, quase nunca acaba mal"
Obrigada por tanto, Mãe!